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António Manuel Couto Viana
António Manuel Couto Viana. Lá para o fim. Já não frequento o café. Nem de subúrbio, nem de cidade:. A minha vida, agora, é. Uma bengala e a saudade. Perdi interesse pela evasão. O rodear-me de nova gente. Ganhei o gosto por outro pão. Mais indicado para o meu dente. Nenhuma escrita já é memória. Já não me perco por qualquer lado. Deixei o nome na sua glória. Deixei o corpo no seu pecado. Fluía o verso. Mas, hoje, estanca. Ante uma alma de austero porte. Foi rosa rubra. É rosa branca. Dos finais do Estio,.
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DIOGO VAZ PINTO
But we still have fun. Desliga o motor, deixa só os faróis. Quietos, à beira de um descampado. Respiramos pela boca debaixo. De um silêncio de chuva. O escuro afrouxar alguns nós, sombras. Como numa pintura. Corvos, parecia,. Debicando uns frutos caídos. Que não conhecemos nem vimos antes. O vinho verde deu para tudo, o ritmo. Fez o que quis de nós. Agora. A fúria que nos divertiu corrige-se. Com a manhã até uma pequena náusea. De boca entreaberta e seca. Divide-se. Entre todos uma difusa sensação. Ver n...
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ANA PAULA INÁCIO
Vivo com a crença estranha. De que nasci morta. E fiz a opção precoce. De la Calle de l’Amargura de Cáceres. À de los Tigres de Martín del Castañar. Parasita de quem me deita a mão,. Fantoche presa por fios,. Como se foram tubos. De alimentação artificial,. Vivo da generosidade alheia. De quem me dá poesia. Por pão ou rosas, Salvé rainha,. Nascera eu a 19 de Maio de 1980. E poderia chamar Mário de Sá-Carneiro, meu doce irmão. Nasci mesmo em 1966. Aos doze dias do mês de Junho.
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ANTÓNIO BARAHONA
REALISTA, SIM, MAS. Realista, sim, mas absoluta-. O «terrorismo da realidade. Que põe a imaginação a ferros,. E retira aos corpos. A nudez dos nervos. Fumar charros em telhados de jazigos). Realista, sim, mas absoluta-. Por uma questão de higiene). A racionalidade de merda. Que afunda a imaginação em esgotos. E retira aos corpos. O perfume do esperma. Raspar o Fundo da Gaveta e Enfunar uma Gávea (Averno 041). Modelo Simple. Tecnologia do Blogger.
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JOSÉ MIGUEL SILVA
Nem martelo nem bigorna, como sempre. Desejei: as tardes à janela, sem vizinhos nem. Ardis, a injustiça reduzida ao mecanismo. Natural da bicharada, o lavradio do amor. Só me falta, para tudo. Proteger em cobardia, uma campânula. De cego na cabeça, aprender a fechar olhos. E ouvidos ao avanço hertziano da desdita. Então serei feliz e integral como um cadáver. Serém, 24 de Março. Modelo Simples. Com tecnologia do Blogger.
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ANTÓNIA POZZI
Parecia-me que este dia. Devia ser inquieto,. Escuro. Em vez disso está repleto. De uma estranha doçura, que aumenta. Com o passar das horas –. Quase como a terra. Após um aguaceiro,. Que fica sozinha no silêncio a beber. E pouco a pouco. Nas veias mais profundas se sente. A alegria que ontem foi angústia,. Regressa agora em rápidas. Golfadas ao coração,. Como um mar amansado:. À luz suave do sol reaparecido brilham,. As conchas que a onda. Deixou sobre a praia. Morte de Uma Estação.
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RUI BAIÃO
Um homem perde o pé, é sombra que se diz. Lá no fosso de fulano. Um homem sem pés. Nem cabeça, na véspera do escrutínio. Um homem, entre lacraus, é resina e mar. Um homem rua acima, rua. Abaixo, mais vale só. Modelo Simple. Tecnologia do Blogger.
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PÁDUA FERNANDES
As mandíbulas permanecem no ar. Nenhuma pele as cobre. Resta alguma pele entre os dentes. O sorriso da mandíbula. Apenas dentes à mostra. Vivo como a rocha depois do apedrejamento. Algumas partidas, outras não. Mesmo com os dentes cerrados. Elas estão abertas para o mundo. O beijo da mandíbula. E transmite a carícia seca do cálcio. Não você ou eu. Maxilar é o verbo da. Acolhe-nos em seu discurso. A cárie não sobrevive à mandíbula. O verbo não sobrevive ao discurso. O céu coberto de mandíbulas,. Modelo Si...