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Disseco-me em pessoa: Primeiras Paisagens

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O meu solar de antes da vida caiu em ruína, e não só em certos momentos, quando o luar nasce em mim de sobre juncos do rio, me esfria a saudade dos lados de onde o resto desdentado das paredes recorta negro contra o céu azul escuro esbranquiçado a amarelo leite. Distingo-me a esfinges.". Foi um mar interior que o rio da minha vida findou. À roda do meu solar sonhado todas as árvores estavam no outono. Esta paisagem circular é a coroa-de-espinhos da minha alma.". Dentro de pouco atingiria o sol, e os ruíd...

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Disseco-me em pessoa: Primeiras Entranhas

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Sei eu sequer se sinto, se penso, se existo? Nada: só um esquema objectivo de cores, de formas, de expressões de que sou o espelho oscilante por vender inútil.". São especulações casuais inúteis. Chego a ter pena de as ter. Não diminui com elas a valia do homem; não aumenta com elas a expressão do seu corpo. Mas, na verdade, nada altera nada, e o que dizemos ou fazemos roça só os cimos dos montes, em cujos vales dormem as coisas.". Na minha alma ignóbil e profunda registo, dia a dia, as impressões que fo...

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Disseco-me em pessoa: Despojo/044

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8220;Como então me não engano sobre os meus íntimos processos de ilusão de mim? Porque o processo que arranca para uma realidade mais que real um aspecto do mundo ou uma figura de sonho, arranca também para mais que real uma emoção ou um pensamento; despe-o portanto de todo o apetrecho de nobre ou puro quando, o que quase sempre acontece, o não é.”. Decomposto por Cavalo de pau. Este livro é a minha cobardia.". O sagrado instinto de não ter teorias.". As aventuras do Fernando Pessoa. Um Fernando Pessoa II.

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Disseco-me em pessoa: Despojo/054

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8220;Ó divina e absurda intuição infantil! Visão verdadeira das coisas, que nós vestimos de convenções no mais nu vê-las, que nós embrumamos de ideias nossas no mais directo olhá-las". Decomposto por Cavalo de pau. Este livro é a minha cobardia.". Mas sempre claros, sempre conscientes, Sempre em cada parcela desse horror, Medindo todo o horror e descobrindo Os outros e os outros e os outros E assim sempre, assim sempre, sem parar, Arrasto, em agonia inconcebida De qualquer agonia imaginante(.). Com aços ...

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Disseco-me em pessoa: Despojo/055

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Quando vivemos constantemente no abstracto – seja o abstracto do pensamento, seja o da sensação pensada –, não tarda que, contra nosso mesmo sentimento ou vontade, se nos tornem fantasmas aquelas coisas da vida real que, em acordo com nós mesmos, mais deveríamos sentir.”. Decomposto por Cavalo de pau. Este livro é a minha cobardia.". O sagrado instinto de não ter teorias.". As aventuras do Fernando Pessoa. Espólio da Biblioteca Nacional. Fernando António Nogueira Pessoa. Um Fernando Pessoa II. Vão ...

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Disseco-me em pessoa: Despojo/046

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As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sesualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros.". Decomposto por Cavalo de pau. Este livro é a minha cobardia.". O sagrado instinto de não ter teorias.". As aventuras do Fernando Pessoa. Espólio da Biblioteca Nacional. Fernando António Nogueira Pessoa. Vã...

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Disseco-me em pessoa: Despojo/050

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Decomposto por Cavalo de pau. Este livro é a minha cobardia.". Mas sempre claros, sempre conscientes, Sempre em cada parcela desse horror, Medindo todo o horror e descobrindo Os outros e os outros e os outros E assim sempre, assim sempre, sem parar, Arrasto, em agonia inconcebida De qualquer agonia imaginante(.). O sagrado instinto de não ter teorias.". As aventuras do Fernando Pessoa. Espólio da Biblioteca Nacional. Fernando António Nogueira Pessoa. Instituto de Estudos sobre o Modernismo. Lixo em Palav...

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Disseco-me em pessoa: Despojo/047

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Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica.". Decomposto por Cavalo de pau. Este livro é a minha cobardia.". Mas sempre claros, sempre conscientes, Sempre em cada parcela desse horror, Medindo todo o horror e descobrindo Os outros e os outros e os outros E assim sempre, assim sempre, sem parar, Arrasto, em agonia inconcebida De qualquer agonia imaginante(.). Com aços e ...

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Disseco-me em pessoa: Despojo/058

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A vida é uma viagem experimental,feita involuntariamente.É uma viagem do espírito através da matéria, e como é o espírito que viaja, é nele que se vive. Há, por isso, almas contemplativas que têm vivido mais intensa, mais extensa, mais tumultuariamente do que outras que têm vivido externas.". Decomposto por Cavalo de pau. Este livro é a minha cobardia.". O sagrado instinto de não ter teorias.". As aventuras do Fernando Pessoa. Espólio da Biblioteca Nacional. Fernando António Nogueira Pessoa. Vão to...

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Disseco-me em pessoa: Janelas Pró-abismo

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Há o calor ou o fresco, se os há, e sempre, no fundo, vêm memórias, com suas saudades ou sua esperança, e um sorriso de magia à janela do nada, o que desejamos batendo à porta do que somos, como pedintes que são o Cristo.". A delícia do bocejo que pesa nos olhos frouxos tudo que. Acaricia o esquecimento, fazendo sono, o sossego do repouso na cabeça, encostando, pé ante pé, as portas da janela na alma, o afago anônimo de dormir. Mas, na minha visão crepuscular, só vagamente distingo o que essas vidraças s...