henrique_b.blogspot.com
Memórias: Lucíada
http://henrique_b.blogspot.com/2012/12/luciada.html
Quinta-feira, dezembro 20, 2012. A glória de um Aquiles é maior. Que aquela de um milhão de soldadinhos;. Soldados tristes, feios, deformados. Não vi, em todo o latim de Lívio,. Tributo a Lucius, invisível Lucius,. Tremendo-se de frio na Transalpina. Morreu-se, um dia, o pobre: ninguém lembra. Não, ninguém lembra. Nunca lembrarão. É rara a matéria-prima bruta. Com a qual Clio lapida a sua obra. Ofegante, e vejo Lucius. A me mirar do fundo deste vidro. Não vi Tarquínio Prisco em meus retratos,.
henrique_b.blogspot.com
Memórias: Letícia
http://henrique_b.blogspot.com/2013/02/se-o-nome-fosse-como-diz-um-grego.html
Quarta-feira, fevereiro 13, 2013. Se o nome fosse, como diz um grego. Substância de pereniforme coisa,. Quem a ti por teu nome clamaria? A ti que és, desde Rômulo, letícia,. Quem por tão gáudio nome clamaria. Ao ver-te, assim, plangente, envolta em bruma;. Ao escutar teu lacrimoso canto;. Ao irreconhecer-te da que foste. Há menos de um ridículo segundo? Teu fardo é teu, menina, teu. Só teu. Que teogonia pode te salvar. Das cruzes que tu mesma carregaste? Suplico, ao deus que haja, uma chuva.
henrique_b.blogspot.com
Memórias: Julho 2011
http://henrique_b.blogspot.com/2011_07_01_archive.html
Quinta-feira, julho 28, 2011. Do beijo breve que dei-te nos olhos. Nasceu uma flor quase tímida. Tão rubrobrilhante, tão delicadazinha. Que quando murchou causou quase surpresa. Nas folhas, porém, nossas letras. Rezavam os cantos dum fado:. Como pode algo ser belo sem ser breve? Quando olhei de volta pra florzinha. As pétalas lilases flutuando. compreendi:. A tua beleza já era o teu réquiem - amém. Domingo, julho 17, 2011. Passarim multicor, sete letras:. Sete letras, sete cantos, sete notas. E o resto é...
henrique_b.blogspot.com
Memórias: Setembro 2013
http://henrique_b.blogspot.com/2013_09_01_archive.html
Terça-feira, setembro 24, 2013. O nome e a vela. O teu heleno nome é uma promessa. De algo que não cabe a ti cumprir. Teu outro nome, eslavo, traz em si. Impenetrável tema. Desconversa. Promessa vi-a, vil sebastianismo,. Munido de ridícula imperícia. Julguei ver poço onde havia abismo. Chamei teu nome à beira desta cova. Depois um nume, e um outro nome, mas. O coro dos pretumes abissais. Não era senão eco desta trova. Nas profundezas não te encontraria;. Era a mim mesmo que eu procurava. Sinto muito mas,.
henrique_b.blogspot.com
Memórias: Dezembro 2013
http://henrique_b.blogspot.com/2013_12_01_archive.html
Segunda-feira, dezembro 16, 2013. Nascida em grito grosso, gutural,. Tresvolitou, nas sombras, pelas eras,. Montada em ombros fortes de quimeras. Até pousar na língua mais banal. Da conceição em Beit à morte em Tau. Na nau de consoantes de Algeciras,. É Chave, é Porta, Olhos, Dedos, Liras. Deu forma à coisa, enterra a Coisa tal. Não há, na arte humana, mais mortal. Nem mais imorredora criação. Explode a glote em eco secular. Que ao derradeiro homem vai vibrar,. Pois só por ti traduz-se a Criação.
henrique_b.blogspot.com
Memórias: Março 2011
http://henrique_b.blogspot.com/2011_03_01_archive.html
Terça-feira, março 22, 2011. Com flores comemora-se o amor. Lilases, rosas, gerânios, lírios, cravos,. Nada de diamantes ou quetais. Que estes mentem juras de eterno. Nada que não o pôr-do-sol. O mar, a bruma, as mágoas, os luares. Com flores comemora-se o amor. Mas não porque são belas: porque morrem. Como se se quisesse dizer ao amado:. Vem, amor, me dá a mão enquanto inda podemos. Que o tempo das coisas é tão breve. Quarta-feira, março 09, 2011. Mais il semble me dire. Oui, on meurt. Et maintenant?
henrique_b.blogspot.com
Memórias: Abril 2011
http://henrique_b.blogspot.com/2011_04_01_archive.html
Sexta-feira, abril 08, 2011. À minha bisavó Faci. Que Deus a tenha. Primeiro um fio, depois um outro fio. Da fina corda em que nos balançamos. Vão sendo descascados lentamente. Por Átropos, na roda, um por um. Primeiro um fio, depois um outro filho. De repente se manda chamar o Pedro,. De repente ainda se mora em Botafogo,. De repente viraram passarinhos. Os nomes, os rostos, os lugares,. Por fim as palavras todas do mundo. O cassino da Urca? Até tu, Getúlio? Nada mais disso faz sentido. Eu não. Nem ...
henrique_b.blogspot.com
Memórias
http://henrique_b.blogspot.com/2011/12/e-triste-te-ver-indo-embora-ainda-que.html
Sexta-feira, dezembro 02, 2011. É triste te ver indo embora. Ainda que tu partas como o vento. Calma, serena, inexoravelmente. Ao longo dos meses, dias e horas. Teus pezinhos de nuvem. Bailando, belos, ribombantes. Nas procelas redentoras doutros ares. Mas que fazer se é minha (só minha). A culpa por seres vento de morena? O que fazer se foi meu. O beijo que te transformou em nuvem? Não há, então, protesto. Não há grito. Mas uma oração desajeitada. A um anjo-da-guarda renitente. Sinto muito mas,.
henrique_b.blogspot.com
Memórias: Janeiro 2011
http://henrique_b.blogspot.com/2011_01_01_archive.html
Quarta-feira, janeiro 12, 2011. Traduzido pela sempre gentil Janka. Van, aki szürkének, van, aki sárgának mond,. Sőt, más (konokul). De az én szavam rád: Titok. Az, amely hölgyszemekben rejtőzik,. A Dunába futó kis utcákon,. És persze két feled. Csöndes cívódásában, Budapest. Nézem a folyót, lehunyom a szemeim és belélegzem. Anyanyelved temérdek mássalhangzóját -. Huszonhat, mind, hogy elrejtse. Ezt a legmagyarobb sejtélyt. Titkolózás, titoktartás, titkolodzó,. Hallom, amint maga Árpád súgja. Somente os ...