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À mão livre: Outubro 2009
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Nas linhas e entre as linhas. Sábado, 10 de outubro de 2009. Crônica de um dia quebrado. Furar a onda do dia, chegar do lado de lá com os olhos vermelhos. Escutar as promessas e rir de si mesmo prá depois chorar um pouco, escondido atrás de um espelho. Pintar as paredes do quarto, colar estrelas no teto falso e esperar pela noite. Comprar duas caixas de morango, uma para comer, outra para mofar na geladeira. Comprar uva sem caroço prá comer sem pensar, prá comer sem parar. Lembrar de comprar tomate e man...
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À mão livre: Maio 2010
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Nas linhas e entre as linhas. Quarta-feira, 5 de maio de 2010. Por causa do enredo. Maria Cristina Nunes Adão. Um gato e um girassol. Olhei meu pai com outros olhos. Percebi que as mães têm perfume. Que suas mãos tecem a calma. E com ela vestem a alma. Não ouvi um tango. Enquanto a chuva caía. Pela sombra eu vi o sol. No meu quarto alaranjado. Pintei um gato branco. E ao seu lado. Maria Cristina Nunes Adão. Rio de Janeiro, Brazil. Visualizar meu perfil completo. Um gato e um girassol. Até o fim do caminho.
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À mão livre: Parapeito
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Nas linhas e entre as linhas. Quinta-feira, 20 de novembro de 2008. Esqueci as horas e fui contar as estrelas. Uma por uma, até passar toda a tristeza. Ficou com um brilho no ar e uma lágrima presa. A vida é tão frágil quando me apoio no parapeito. Olho prá rua, cravo meus pés no chão e abro meu peito. É quando ela entra e se aboleta, feito borboleta. Bate suas asas e me espalha de cores por dentro. E vai procurando um lugar prá pousar. Pelos meus cantos canteiros, meus delírios viveiros. Quando o artist...
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À mão livre: Santuário
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Nas linhas e entre as linhas. Domingo, 18 de janeiro de 2009. Não se afobe não, que nada é prá já, o amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio.". Fugir talvez fosse uma solução. Um caminho a se consumir. a lhe consumir. sumir no ar sem nenhuma explicação. A porta aberta seria a chave prá que entrassem na casa procurando por ela. e ela por onde andaria? Seus armários vasculhados pelos escafandristas explorando seu quarto,. A cidade então submersa era o mundo que havia escapado de suas mãos. Parece...
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À mão livre: Outubro 2008
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Nas linhas e entre as linhas. Quarta-feira, 29 de outubro de 2008. E te colho pranto. Com olhar de poça. Água de vida pouca. Tem sede da tua. A tua pele e a minha. Se tocam espelhos d’água. A tua pele na minha. Maria Cristina Nunes Adão. Aprumou o corpo num gesto esquecido, buscou na memória um sorriso e moveu o ar com a brisa do seu cata-vento. Imagem: desenho de Cristina Nunes. Maria Cristina Nunes Adão. Sábado, 18 de outubro de 2008. Branca na cor do avesso. Onde me encontro nuvem. Nas formas que são.
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À mão livre: Março 2009
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Nas linhas e entre as linhas. Domingo, 1 de março de 2009. Gosto de brincar com a tua lembrança, afinal de contas foi contigo que aprendi que a noite é uma criança que gosta de fantasia, de fechar os olhos prá se sentir invisível, de inventar histórias onde ela é a protagonista. A tua lembrança é uma água viva que arde em meus olhos, solfeja no ouvido, convida a dançar. A tua lembrança me rodopia, gira e gira, brinca comigo e some no ar. Maria Cristina Nunes Adão. Rio de Janeiro, Brazil. Na cola dessa aba.
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À mão livre: Setembro 2008
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Nas linhas e entre as linhas. Terça-feira, 30 de setembro de 2008. Pequena rosa que me espia. Enquanto toco com mãos frias. Uma superfície de vidro. Que me separa da vida. Livre é a queda. Livre é o arbítrio. Eu que pensei fosse um sonho. Esse vôo sobre o abismo. Abri meus braços pro mundo. Sem perceber que no fundo. Brilhavam pedaços de mim. Maria Cristina Nunes Adão. Apenas mais uma noite escura com uma chuva miúda, lenta e fraca como um choro pequeno de mágoa resignada. Resta sempre um pouco de nós.
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À mão livre: Os sinos
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Nas linhas e entre as linhas. Domingo, 18 de janeiro de 2009. Não há o que esperar, nem ao menos o despertar dos sinos. O que eles não sabem é da sua face, nem das suas fases de olhar prá igreja com os pássaros em volta se alimentando dela e construindo seus ninhos. Se pudesse faria um ninho no alto da torre. se soubesse. Quase amanhece em torno da igreja. Podia jurar que ouvi os sinos. Podia jurar que do alto da torre alguém acenava sorrindo. Maria Cristina Nunes Adão. Que magia de palavras. Véspera do ...
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À mão livre: Recomeços
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Nas linhas e entre as linhas. Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009. A minha melhor parte é ter paciência, porque reconheço: os meus começos nunca têm fim. Imagem: desenho de Cristina Nunes. Maria Cristina Nunes Adão. Que cor têm estas palavras e que perfume. Aqui, respira-se, o corpo eleva-se, o sonho vôa. 19 de fevereiro de 2009 06:53. Assinar: Postar comentários (Atom). Rio de Janeiro, Brazil. Visualizar meu perfil completo. Textos sob Licença Creative Commons. Veste-se de fases, com a alma nua. E ess...
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À mão livre: Espuma
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Nas linhas e entre as linhas. Sexta-feira, 30 de janeiro de 2009. Uma onda se quebra espuma na pedra. Braço de um corpo obscuro. Numa força serena que tudo leva. E leva meu corpo leve e me leva. Resvalo na certeza que resta. Tudo caminha sobre uma linha. Fica prá trás uma nuvem de fumaça. Desenhando rolos de música e vento. Meu pensamento no escuro. Sente a vertigem do esquecimento. Apaga no tempo meu risco de giz. Desenho feito com esmero. Nada mais além da espuma na pedra. Dos meus olhos vendados.
