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A escuridão que abraça a vela: Julho 2006
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A escuridão que abraça a vela. Domingo, julho 30, 2006. Quero a leveza de uma pedra. Quando atirada ao longe,. O conforto da semente, que não cabe em si,. Quero o oriente do ocidente, que se acaba em contrário. Quero o conforto de mesa de bar,. Sentar e falar do sofrimento dos mortos,. Sentar e saborear o sofrimento dos vivos,. Saborear a ácida ulcera na boca,. Saborear o ranger dos dias. Quero a leveza de uma ave. Quando pousa cansada,. A leveza de um olho. Furado com uma faca quente,. O dono do bar,.
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A escuridão que abraça a vela: Agosto 2006
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A escuridão que abraça a vela. Domingo, agosto 20, 2006. A máquina (ou À máquina). Tudo que tenho, foi-me dado pela máquina,. Meus dedos cansados,. Meus olhos comidos,. Meus pés mortos vivos,. Meus dentes que falam,. E só sabem reclamar (e como reclamam, e clamam. Façam parar). Tudo que tenho foi-me dado pela máquina,. Meus pesadelos amargos,. Meus terrores, tremores, amores. Minha lenta e vivencia morta,. À máquina, doce. doces, lembranças de febre. A máquina sempre foi para mim,. Como um pai que bebe,.
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A escuridão que abraça a vela: Dezembro 2006
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A escuridão que abraça a vela. Quarta-feira, dezembro 27, 2006. Levanta ondulante e vai à janela. À vista. Ao mar. Levanta ondulante e com pés nus toca o chão. Tudo é tão quente. Sempre. Abre a janela e vê o vento partindo. Partindo-se. Me. Nos. Abre a janela e vê a vista que vive. E uma multidão de fetos feios está em meus dedos. Pesadelos natimortos. E de novo eu vejo a cegueira de olhos aberto. Divide as flores para os que mais amam espinhos. Divide isso com o resto dos teus. Divide isso para com todos.
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A escuridão que abraça a vela: Junho 2006
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A escuridão que abraça a vela. Sábado, junho 17, 2006. Nós, vós. Eles. Eram nossas filhas lá,. Eram nossas mães, nossas mulheres, nossas vidas,. Éramos nós, em massa. Eram nossos irmãos,. Nossos pais, nossos amigos, nossos sonhos,. Éramos todos, em bando. Eram nossos cavalos,. Era nossa terra,. Era nossa lavoura,. Era nosso amor,. Eram nossas dores,. Eram nossos olhos,. Era nosso fogo,. Era nossa carne,. Eram nossas mãos,. Eram nossos nadas,. Postado por Horla às 4:25 PM. Quarta-feira, junho 14, 2006.
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A escuridão que abraça a vela: Outubro 2006
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A escuridão que abraça a vela. Sexta-feira, outubro 27, 2006. Viver liberta, mas. Vivi, para ser. Hei de me ver,. Em salto pleno,. Que sonha ter água. Postado por Horla às 5:35 PM. Quinta-feira, outubro 19, 2006. Há um luto amargo engasgado em minhas entranhas,. Um luto negro e doloroso,. Eu olho para fora e vejo que toda a terra se escurece,. Eu vejo os filhos,. Os pais, irmãos e mulheres,. E todos eles morrem também. Há um luto por tudo que vive, em mim. Um luto escuro e espesso,. Em mim há um luto seco.
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A escuridão que abraça a vela: Setembro 2006
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A escuridão que abraça a vela. Quinta-feira, setembro 28, 2006. Postado por Horla às 1:45 PM. Quarta-feira, setembro 27, 2006. De alguma forma à Clarice Lispector. Se toda minha existência foi uma eterna afirmação de uma negativa inenarrável. Ainda preciso reafirmar? Dizer e redizer a todo o momento que amei e que no meu amor encontrei algo que não tinha? E nem tinha vontade de encontrar. Preciso reafirmar? Se eu sei que não posso sentir, que não posso mais andar? Que me hei de fazer? Saí Saí e mesmo sem...
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A escuridão que abraça a vela: Fevereiro 2007
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A escuridão que abraça a vela. Terça-feira, fevereiro 27, 2007. De pés e de dedos, construo uma torre. Eu, o renovador, trago boas novas. Dias de guerra que jamais calarão. Novos filhos e novas mães. Novos pais e novos réus. Vivo morrendo-me e fazendo-me de conta. Vi e vejo por todos os lados pedras de sangue e sal. Vi e vejo por todos os lados ossos secos e carne velha. Não me canso de ser, apenas uma encarnação mortuária da vida. Os panos que vestem Deus. O mármore branco de sua tumba. Tão bemVem a mim.
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A escuridão que abraça a vela: Março 2007
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A escuridão que abraça a vela. Quarta-feira, março 21, 2007. Pois já não tenho pés, nem terra para colocar meus pés. De modo que todo chão qu'eu piso é feito de pedra e toda pedra que toco com meus joelhos calejados é feita de mim. Ando por sobre meu corpo. A cabeça dói e o corpo responde. Treme, baba e engole a língua. Não agüento a divindade que há em mim. Sinto falta de minhas chagas na boca. Meus vulcões de ácido e espinhos nos dentes. Sempre fui um inválido, doente. Ah minha mãe, por que me mentiu?
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A escuridão que abraça a vela: Novembro 2006
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A escuridão que abraça a vela. Terça-feira, novembro 28, 2006. O mundo pára para ver o bêbado. O bêbado que é um velho sujo. O Bêbado que é uma pedra de calçamento que salta e fala. Todos os olhos e risadas voltadas para ele, Seu merecido monólogo. Entro em sua pele viscosa e poeirenta. Entro e berro com sua voz grunida. Berro seu monólogo sujo de todo o tipo de coisa que passa por sua garganta Sujo de bêbado. Alguém me tire daqui. Cato moedas no chão esse é o único que me abraça como um pai e me vou.